terça-feira, 4 de junho de 2013

Dimensões da Responsabilidade Socioambiental



Há duas dimensões da responsabilidade socioambiental de grande interesse para a sociedade e o nosso planeta: a responsabilidade socioambiental corporativa, praticada pelas empresas e a responsabilidade socioambiental individual, praticada por cada um de nós, enquanto cidadãos globais. Digo globais, pois nossa cidadania deve ir além dos limites geográficos em que nos encontramos, mesmo porque a influência de nossas ações também rompe tais limites. Não somos somente cidadãos de nossas cidades ou países, somos cidadãos do mundo. Dessa maneira, quero focar neste artigo como podemos exercer nossa responsabilidade socioambiental individual como usuários desse imenso mercado imobiliário, que a seu tempo, vem desenvolvendo cada vez mais, estratégias corporativas em consonância com essa responsabilidade.

Como moradores dos mais variados empreendimentos imobiliários, nossa contribuição socioambiental pode se dar de várias formas, desde as mais comuns e frequentemente faladas, como participantes ativos do descarte seletivo de lixo, quando este é promovido pelo condomínio ou pelo próprio município (no caso de empreendimentos individuais), até ações das mais criativas que envolvam a decoração de nossas moradias com materiais e objetos oriundos da reciclagem e/ou reutilização dos mesmos.

Na decoração, tal tendência é defendida inclusive por arquitetos de renome que contribuem para o meio-ambiente, reutilizando para outras finalidades o que, aparentemente, não tem mais utilidade e assim, por exemplo, através da criatividade, vemos paletes (ou pallets, termo em inglês muito usado no mercado nacional), estruturas geralmente de madeira utilizadas para o empilhamento de carga, sendo reutilizados como peças de decoração. Esses paletes envernizados ou pintados, acrescidos de outros acessórios ou não, transformam-se em cabeceiras de camas queen ou king size ou ainda mesas de centro e apoio, combinando idéias criativas e inovadoras com o baixo custo e o aproveitamento de algo que seria descartado após seu uso original.

Difícil mesmo, não é a decoração seguir tendências socioambientais, mas exercermos outra forma menos comentada e ainda mais relevante de responsabilidade socioambiental individual, a de cumprirmos tais tendências em nossa vida pessoal e comunitária, através da nossa consciência e postura como responsáveis pela qualidade de vida de todos aqueles que sendo nossos vizinhos mais próximos, compartilham conosco suas “paredes, tetos e pisos” e/ou áreas de uso coletivo, seja em um condomínio, em uma rua ou bairro.

O desafio perpassa primeiramente pela conscientização e então, pela prática de ações que visam o bem comum e reconhecem a impossibilidade do isolamento real e a necessidade do respeito ao próximo e ao direito de cada um.


A responsabilidade socioambiental individual é primeiramente uma maneira ética de ser e agir com os outros e com o meio-ambiente, não é ter ética, mas ser ético, e só alcançaremos bons resultados quando não mais buscarmos as vantagens individuais em detrimento das coletivas.

por Patrícia Reis.
(27.04.2011) 

Qualidade de Vida na Construção Civil




Falar de responsabilidade socioambiental é falar de qualidade de vida também. Não só para os trabalhadores da construção civil, como para aqueles que comercializam as unidades residenciais, os que administram os condomínios e os próprios clientes que usufruirão do resultado final e da manutenção do mesmo. Neste artigo, focarei estes últimos.

No mundo de hoje, a despeito de toda a tecnologia, trabalha-se mais, ainda que em horários um tanto flexíveis para alguns. O expediente muitas vezes não termina quando se sai do trabalho e prolonga-se em casa, através do celular e do computador. Essa tecnologia por outro lado, tem nos feito mais sedentários com todos os aparatos eletrônicos e automáticos que nos facilitam a vida e nos fazem cada vez mais, fazer cada vez menos exercícios. Aumenta-se a atividade intelectual e diminui-se a atividade física e consequentemente a própria qualidade de vida.

Em resposta a essa realidade, à violência que nos cerca e à falta de tempo, assim como em geral, os apartamentos serem menores, nos últimos anos tem havido um aumento significativo de empreendimentos do tipo clube residencial ou condomínio-clube. Muitas vezes são empreendimentos que chegam a utilizar 80% do terreno para área comum com muitas opções de lazer, serviços e segurança, compensando o valor do condomínio com um maior rateio, já que normalmente nesses empreendimentos há mais de uma torre com um número grande de apartamentos. Outro argumento a favor do valor do condomínio é que se gastaria mais com a mensalidade de um clube, academia, demais serviços que são então prestados dentro do condomínio com maior comodidade e segurança.


Tais comodidades não devem ser mais uma razão para o comodismo sedentário ou um simples apelo para as vendas, mas sim serem voltadas a agregar valor real à vida de seus moradores. Para isso não bastará uma sala de ginástica e/ou musculação, mas esse ambiente deverá estar adequadamente equipado, com políticas de manutenção que garantam a preservação e o bom uso do seu espaço, além de campanhas de incentivo que estimulem a utilização com segurança de tal serviço. As piscinas, por exemplo, de acordo com essa visão, tendem a ir além do objetivo da pura diversão, permitindo a prática da natação através de ao menos uma raia semi-olímpica. Dentre outros espaços para a prática de exercícios físicos ou para a melhoria da qualidade de vida, quero destacar os espaços verdes que devem ser valorizados não só para atividades como caminhadas, mas simplesmente para se estar em contato com a natureza num ambiente urbano cada vez mais carente desse contato. E é óbvio, o empreendimento como um todo deve estar integrado ao meio ambiente de maneira harmoniosa e sustentável, de tal forma que não haja um excesso de cimento e áreas construídas em detrimento da área verde, que hoje é um diferencial significativo tanto para a responsabilidade socioambiental do empreendimento em si como para a qualidade de vida de cada um de seus moradores.  

por Patrícia Reis.
(15.09.2010)

Responsabilidade Socioambiental: Modismo?




Falar de meio ambiente nos dias atuais parece apenas mais uma forma de estar sintonizado com as novas tendências e fazer parte de alguma lista do que se considera “in”, mas é muito mais que isso. Obviamente o simples discurso não diminui a emissão de gases tóxicos ou promove o desenvolvimento sustentável, mas é um passo a mais nessa difícil transformação que devemos empreender.

Mais que um modismo, a preocupação com o meio ambiente não é algo novo, antes presente apenas na cabeça de “bichos-grilos” ou de ambientalistas, hoje tem ganhado força como um assunto popular, opiniões não faltam sobre esta ou aquela questão ambiental, mas falta ainda muita informação e sensatez.
Há sempre ações novas ou nem tão novas assim que parecem contribuir, mas não geram efeitos reais e por outro lado, há também, idéias criativas e ousadas que demoram a deixar o papel.

Algumas delas já estão se tornando realidade em uma pequena parte (ainda!) de empreendimentos imobiliários, como a escolha de materiais (tintas, vernizes e colas) com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, o uso de material reciclado e o uso de madeira que deve ser certificada, de procedência lícita e resultante de uma extração de baixo impacto, com práticas adequadas de reflorestamento. Reciclagem e venda dos resíduos das obras. Coleta seletiva do lixo e tubulações específicas para o recolhimento de óleo de cozinha. Consumo racional de água através de torneiras e válvulas de descarga que reduzem a quantidade de água gasta, além de hidrômetros individuais ou ainda, o reaproveitamento da água utilizada em chuveiros, lavatórios e máquinas de lavar roupas que após tratamento e filtragem é reutilizada nos vasos sanitários, manutenção de jardins ou lavagem de carros e áreas comuns. Utilização de fontes de energia renováveis, como a eólica e a solar e o uso de lâmpadas econômicas e também de eletrodomésticos com o selo Procel, que consomem menos energia.

Tais práticas podem gerar economia desde a obra e principalmente na manutenção destes empreendimentos pelos seus futuros usuários, gerando inclusive abatimentos nos valores das taxas de condomínio, mas não devem ser entendidas como eficientes quando isoladas de uma prática maior de responsabilidade socioambiental. Devem estar calcadas em políticas que incluam o respeito pelas pessoas envolvidas em todas as fases de um empreendimento, desde aquelas que fazem a obra, as que a comercializam, até aquelas que irão usufruir e manter.

Empreendimentos que valorizam ações como essas, tornam-se mais competitivos e permanecem alinhados à forte consciência ambiental que vem crescendo e que embora pareça moda, veio para ficar.

por Patricia Reis.
(06.06.2010)